Imagino que algumas pessoas não me conheçam e não sabem o que faço da vida. Vou tentar resumir um pouco das minhas atividades.
Sou formado em enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalho em Novo Hamburgo em um hospital, no turno da noite (noite de trabalho intercalada com uma folga). Sou baixista de uma banda de Rock (Ed Noia); fã incondicional de Star Wars; apreciador de cerveja e vinho; degustador de charutos e um super fã de video games e jogos de computador.
Até aqui nada anormal, cada uma das atividades rende um texto em separado, mas a inspiração que me levou a escrever, depois de um plantão de 12h, surgiu às 5h da manhã durante meu turno de trabalho.
Dentre as minhas atividades na empresa, está a de ser responsável pelo setor de Bloco Cirúrgico, Maternidade e UTI Neonatal. Nas minhas horas de trabalho, realizo muitas rotinas, porém sempre aparecem algumas surpresas, como a dessa noite.
Estava envolto em meus pensamentos (por volta das 4:40 da madruga) quando chega ao hospital uma gestante e seu esposo. A moça estava em Trabalho de Parto, no final de sua gestação. Logicamente não resta outra opção para o bebê: ele tem que sair da barriga da mamãe. Coisa impressionante! Uma coisinha tão pequena e cheia de vida, que um dia entrou por vontade própria no útero da mulher, agora sai expulso (sim, essa é a palavra que usamos) pelo ventre, enxotado, por não ter mais espaço dentro da sua "casa"; afinal, a barriga da mãe é nossa primeira casa.
Como pode acontecer uma coisa dessas? Duas únicas células que se unem, geram um novo ser, em um lugar completamente impensável (a barriga de alguém). Não importa quantas vezes eu assista a cena de um nascimento, isso sempre me impressiona. Toda vez que vejo um bebê sair do ventre de sua mãe, dou-me conta que estou acompanhando o maior milagre da vida, e talvez a prova de que Deus existe e ainda acredita em nós.
Aquela "coisinha" perfeitinha, um ser vivo, nasce cheio de potenciais! Irá crescer, se desenvolver, aprender, errar, chorar, rir, se apaixonar, como todos nós. E o mais incrível de tudo: surgiu de duas únicas células!! Formando-se e sendo nutrido dentro de outro ser vivo.
Por vezes penso que minha profissão não é simplesmente um trabalho, mas sim um dom e uma oportunidade de acompanhar esse e outros milagres que a vida proporciona.
Sinto que toquei nesse assunto porque passo por períodos de angústia e ansiedade, perguntando o que tem lá na frente me esperando. Contudo, quando penso que já passei pela mesma situação que o bebê passou, de lutar pra chegar a esse mundo, de me espremer pelo canal do parto pra poder mostrar "Ei, eu tô aqui, e tô vivo!!", posso enfrentar qualquer situação.
Pensem nisso, cada um de vocês. Não somos perdedores! Nascemos para vencer! A prova disso é que vencemos desde o primeiro segundo de vida.
Grande abraço, que a Força esteja conosco, sempre!
Outra partida e talicoisa
Há um ano
OI primo
ResponderExcluirNem sei pq entrei aqui e li o que tu escreveu, mas adorei a meneira de como tu colocou sobre o nascimento, e tenha certeza de uma coisa tu está justamnete no lugar que tu precisa estar, bendito dom este teu de poder ajudar a tantas pessoas que chegam até ti muitas vezes assustadas e com medo e este dom que certamente veio de Deus m que tu pode ajudar, acalmar e principalmente ser instrumento de Deus. Vou parar de ter vergonha e falar mais contigo posso????
Bjs
Cara, como teu amigo, posso te dizer que sempre encarei a Enfermagem como um dom que tu tens. Assim como tocar violão, por exemplo. Da mesma forma, tu também deves pensar que tenho meus dons e poderia listá-los igualmente.
ResponderExcluirPorém, a questão é saber externar isso da melhor maneira. E isso, meu caro, tu sabes fazer muito bem, sempre soube. Muito da oratória que carrego hoje, aprendi ouvindo teus relatos e reflexões.
Angústia? Ansiedade? Que atire a primeira pedra aquele que nunca as teve, que nunca tomou um susto com o que ainda nem aconteceu.
Mesmo assim, é justamente a capacidade de perceber os milagres que a vida nos proporciona que nos torna diferenciados e capazes de dar a volta por cima, vencendo os limites, os medos e sabendo extrair de nós mesmos o que há de melhor.
Belíssima reflexão, meu chapa!
Um abraço!
Léo,
ResponderExcluirSou completamente suspeita para falar sobre o quanto maravilhosa é a nossa profissão, mas certamente eu não conseguiria descrevê-la e transmitir tamanha emoção aos leitores como tu o fizeste. Nós temos a oportunidade de vivenciar todos os estágios da vida humana, desde o nascimento até a morte, portanto somente profissionais iluminados e abençoados, conseguem em meio a sua jornada de trabalho refletir e se surpreender com o milagre da vida e dar-se conta de que não é apenas um simples trabalho, e sim um dom. Parabéns pela reflexão e por relatar de uma maneira tão sublime.
Quanto às angústias e ansiedades que vivenciamos – e falo por mim mesma - sim elas certamente nos fazem refletir sobre o milagre da vida e o quanto ela é frágil. Portanto, meu amigo, se nós éramos tão “frágeis” e conseguimos lutar para chegar a este mundo, concordo em dizer que, temos potencial e força para enfrentar todas as adversidades que a própria vida nos impõe.
Bjos
Oi, Léo!
ResponderExcluirGostei muito do teu texto!
Pra felicidade de toda a minha família, minha tia está grávida e, quando vejo a barriga dela, além de alegria, me passam pensamentos muito parecidos com os que tu citou.
Como pode? Que responsabilidade é sermos capazes de gerar uma vida, já tão completa e complexa quanto à nossa!
Parabéns pela tua profissão!
Torço pra que tudo dê certo na tua caminhada!
EXATAMENTE tudo isso sobre essas novas vidas eu pensei quando o filho do meu dindo nasceu a duas semanas. sensação maravilhosa mesmo que tudo vai dar certo mesmo, de uma forma ou outra.
ResponderExcluirDelícia de vivência, de emprego e de texto Leo! muuuuitos beijos!